domingo, 29 de outubro de 2017

cemitérios abandonados Cemitério N.S. Do Carmo


O antigo Cemitério Nossa Senhora do Carmo



O fato histórico nos faz remeter a década de 1920. Imagine pessoas com um tipo de doença que até
então era altamente contagiosa. Esta doença degenerativa ficou conhecida como lepra, porém como esta palavra ainda hoje é motivo de constrangimento para seus portadores, atualmente ela é diagnosticada pelo nome de hanseníase.
No início do século passado, as pessoas infectadas sofriam preconceito da sociedade e até mesmo de seus familiares mais próximos. Para isso, o governo do Estado notou a necessidade de construir hospitais-colônias onde as pessoas infectadas ficassem isoladas de sua sociedade habitual, porém com toda infra-estrutura que uma cidade proporciona: casas, igrejas, teatro, cinema, campo de futebol e cemitério.
O Complexo Hospitalar Padre Bento situado em Guarulhos, a Colônia da cidade de Pirapitingui e o Asilo Colônia Santo Ângelo em Mogi das Cruzes são exemplos de cidades que edificaram esse tipo de hospitais que também ficaram conhecidos como leprosários.


No caso do Hospital Colônia de Santo Ângelo, fundado em 1928, este chegou a ser o maior complexo hospitalar destinado aos hansenianos no Estado de São Paulo. Em seu primeiro ano de funcionamento acolheu aproximadamente 449 pessoas provenientes da capital paulista.
O tempo passou, a medicina evoluiu e os médicos começaram a diagnosticar que a hanseníase não era uma doença extremamente contagiosa. Mesmo assim, esses hospitais colônias continuaram com a mesma infra-estrutura tornando-se um elemento sócio-cultural das cidades onde se encontravam. Mas será que esta incorporação repercutiu no espaço mortuário?


Não é o que acontece pelo menos no Cemitério Nossa Senhora do Carmo em Mogi das Cruzes, o
espaço extra-muros está completamente abandonado. Esta necrópole era um espaço mortuário dedicado quase que exclusivamente para pacientes do Hospital Colônia de Santo Ângelo serem sepultados. Ele está distante cerca de 400 metros da entrada principal do hospital, hoje renomeado para Hospital Dr. Arnaldo Pezzutti Cavalcanti.
Esta necrópole, em precário estado de preservação, quase não possui muros, que foram destruídos com a ação do tempo. A maioria dos sepulcros não possui identificação visível. O chão possui grandes desníveis e o mato consome uma grande parte da área cemiterial dificultando ainda mais o acesso.

Entre cruzes e imagens de santos, alguns epitáfios estão desgastados e assim perde-se a influência da pessoa perante a história local. Ainda encontramos elementos de ritualização erigidos diante da morte e algumas sepulturas violadas e com esqueletos e crânios à vista.
O histórico deste cemitério está sendo perdido a cada dia que passa. O local não possui sepultamentos há mais de 30 anos. Se a estrutura hospitalar ainda encontra-se preservada e em pleno funcionamento, por que o mesmo não ocorre com o Cemitério Nossa Senhora do Carmo? Qual a dificuldade ? Os índices históricos nos remetem a declaração que os mortos também contam a história.

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